O senador Roberto Requião (PMDB/PR) usou a tribuna do Senado nesta quinta-feira (27) para falar sobre as eleições deste ano e as propostas para a economia. Para ele, “não é possível validar as eleições, do vereador ao presidente da República, como autenticamente representativas, isentas de vícios”, disse referindo-se ao financiamento privado das campanhas, a partidarização da mídia empresarial e a atuação de tribunais eleitorais, cujas decisões nem sempre são imparciais e justas.
Requião questionou o que distingue as candidaturas até agora postas. “Governo e Oposição estão distantes de oferecer ao brasileiro um projeto de Nação. O que se discute, então, hoje no Brasil? E quais serão os temas das eleições?”, perguntou. “Apenas os medíocres, os fronteiriços, a esquerda que se deixou sequestrar pelo neoliberalismo, os arrependidos ou apostatas dos sonhos revolucionários podem se conformar e enquadrar-se à tal unanimidade”, dizendo que até mesmo no plenário do Senado fica confuso separar situação e oposição.
“Existe outro caminho”, garantiu. “É por isso que, mais uma vez, vou esmurrar a faca e apresentar-me à convenção nacional do partido como candidato do PMDB à Presidência da República. Mas isso é assunto para depois. O que me ocupa agora é debater um programa para o desenvolvimento brasileiro. Quero mostrar com que roupa, documentos e argumentos irei à campanha eleitoral”.
O senador disse que quer debater idéias, caminhos, definir objetivos estratégicos, formular as táticas e construir os meios para alcançá-los. “Afinal, a campanha eleitoral não pode ser transformada em simples mecanismo de chancela ao domínio das classes que amarram o país no pelourinho do atraso, da desigualdade, da concentração de riquezas e de rendas, da submissão ao sagaz Brichote, como Gregório de Matos lamentava a nossa dependência, já no distante século 17”.
Segundo Requião, sem que se faça uma Revolução no Brasil, nada vai mudar. “Como parte desse processo de transformações, é preciso que se dê início à implantação de uma política macroeconômica alternativa ao neoliberalismo, articulada com medidas sociais que levem à redução dessa realidade de violência, crueldade, opressão e insensibilidade”.
Propostas – Em seu discurso, o senador apresentou seis propostas para o desenvolvimento do Brasil. Confira:
1 – Planejamento público centralizado, impositivo para o setor público e indicativo para o setor privado.
2 – Criação de um sistema bancário público como instrumento de execução do planejamento impositivo e indicativo.
3 – Criação de um sistema de empresas públicas estratégicas, com capacidade de execução do planejamento básico e capacidade de incitar e puxar as empresas privadas.
4 – Política fiscal/monetária anticíclica, pela qual a dívida pública seja efetivamente um dispositivo do desenvolvimento.
5 – Atuação no câmbio, para assegurar uma taxa ligeiramente favorável às exportações, como na China.
6 – A articulação desses cinco itens com metas de aumento da renda per capita, redução da desigualdade, mediante políticas sociais específicas, e o estabelecimento de imposto de renda realmente progressivo, a partir de uma renda mensal de R$ 10 mil.
Leia e assista o pronunciamento na íntegra:
Discurso
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