O senador Roberto Requião, presidente da Comissão de Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente e Política Energética do Parlamento Euro-Latino Americano, apresentou , nesta sexta-feira (28) , em Atena, Grécia, dois estudos para debate dos participantes do colegiado, um sobre a exploração do gás de folhelho (xisto) e outro sobre o plantio, comercialização e consumo de organismos geneticamente modificados.
Até este sábado (29), está reunida em Atenas a 7ª Sessão Plenária da Assembléia Parlamentar Euro-Latino-americana, que reúne congressistas dos dois continentes.
Sobre o gás de xisto, o documento distribuído por Requião mostra as oportunidades e os desafios da exploração do combustível, armazenado em grandes reservas em países europeus e da América Latina. Em função da conjuntura internacional, das pendências geopolíticas e geoeconômicas, a extração do gás, que não está associada à exploração do petróleo, atrai interesse cada vez maior, observa o texto.
Atualmente, os Estados Unidos são o país mais avançado na extração do gás de xisto e têm mesmo a pretensão de se tornar auto-suficiente em energia com o uso desse combustível, libertando-se portanto da dependência do petróleo. Já os países da União Européia e da América Latina têm ainda pouca experiência na exploração do gás assim como são limitados os investimentos que fazem na atividade. Mas, tanto lá como cá, pondera o texto, há preocupações com as consequências da exploração do gás para o meio ambiente, já que uma das tecnologias para a extração exige o uso de grande quantidade de água.
O fantasma russo
Um outro documento de trabalho distribuído para os parlamentares que fazem parte da comissão presidida pelo senador Roberto Requião, opina que a chamada “revolução do gás de folhelho”, estaria sendo estimulada por três fatores principais. São eles:
– a crescente dificuldade em explorar reservatórios de hidrocarbonetos, à medida que as reservas mais acessíveis e produtivas vão se esgotando, o que provoca impactos sobre o preço do combustível e sobre as economias nacionais, em longo prazo;
– os baixos custos da extração do gás de xisto, graças aos avanços tecnológicos, em países que há grandes reservas com determinadas características (Estados Unidos);
– decisões de caráter político que favorecem, por motivos de segurança do abastecimento, a exploração de recursos energéticos próprios (endógenos).
Há certa expectativa na América Latina que a crise política entre a da União Européia e a Rússia, por causa da Ucrânia, entre outras razões, possa fazer com que avance a exploração do gás de xisto nos países membros da UE. Hoje, a Rússia domina o mercado de gás no Velho Continente.
Embora a Agência Internacional de Energia estime que as reservas mundiais de gás de xisto seriam suficientes para atender a demanda da Terra por 230 anos, alguns estudos consideram esse cálculo um tanto quanto inflado. No documento distribuído pelo senador Requião, observa-se, por exemplo, a contradição entre as reservas brasileiras estimadas pela Petrobrás e as calculadas pela AIE. Enquanto a primeira dá ao Brasil a segunda maior reserva mundial, a Agência lista o nosso potencial em oitavo lugar.
Os donos do mundo
Em relação aos transgênicos, o estudo divulgado pelo senador fez um histórico de sua introdução no Brasil, mostrando as facilidades oficias abertas para a expansão das culturas de soja e milho geneticamente alterados no país. Algumas medidas de prevenção adotadas pela União Européia foram oficialmente desconsideradas no Brasil, sob pressão das transnacionais das sementes OGMs.
Quando era governador do Paraná, entre 2003 e 2010, Requião desenvolveu intensa campanha e adotou diversas iniciativas para conter o plantio e a comercialização dos OGMs no estado. Um de seus principais argumentos contra os transgênicos era perda da soberania alimentar, alienada às transnacionais pelo domínio das patentes das sementes modificadas e pela extinção das sementes convencionais. Além do pagamento, pelos agricultores, de royalties cada vez maiores às multinacionais das sementes.
No documento apresentado à reunião da Comissão de Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente e Energia, o senador teve a oportunidade de renovar a oposição aos OGMs.
A seguir, resumo dos dois documentos.