Centrais sindicais apóiam Requião na discussão do mínimo
Horas antes da votação do novo salário mínimo no Senado, nesta quarta-feira, 23, o senador Roberto Requião recebeu dirigentes de centrais sindicais, de federações e sindicatos de trabalhadores, liderados pelo presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva. Os sindicalistas elogiaram a posição do senador paranaense em defesa de um aumento maior ao salário mínimo e a proposta alternativa oferecida por Requião para permitir um índice de aumento superior ao proposto pelo governo.
No encontro com os dirigentes das centrais sindicais, Requião criticou tanto o PSDB quanto ao PT, ambos agindo “de forma paradoxal”. Segundo Requião, os tucanos poderiam comprovar sua boa vontade em relação aos trabalhadores fixando salários mínimos regionais substanciosos, nos cinco estados que governam.
Já em relação ao PT, cobrou coerência com as posições históricas e decisão política para romper com os fundamentos conservadores da política econômica a que se mantém preso.
Perguntado por jornalistas se não temia represálias por não votar a proposta do governo, Requião ironizou: “A única indicação que fiz é inamovível. Indiquei a presidente Dilma, em quem votei e por quem fiz campanha”.
É possível mais
Na conversa com os dirigentes sindicais o senado Requião mostrou que seria possível fixar um valor maior para o mínimo, se o governo federal ousasse romper com alguns pressupostos monetaristas, que guiam sua política econômica. Exemplificou: “Se uma das preocupações do governo é com o excesso de liquidez, que leva ao aumento da demanda e daí à inflação, que enxugasse essa liquidez aumentado o depósito compulsório dos bancos e não comprimindo o salário mínimo, punindo os assalariados”.
Para Requião, “a compressão do mínimo, mais que combater a inflação, na verdade, sinaliza aos rentistas, ao tal mercado, que a política econômica conservadora vai continuar. Acalmam o mercado com o sacrifício dos trabalhadores”.
Na reunião, o senador criticou ainda a falta de investimentos privados e públicos em infra-estrutura que, a par da ausência de uma política industrial conseqüente, provocam a inflação, por menor que seja o aumento de consumo.
A desvalorização do dólar, que permite que o mercado brasileiro seja invadido por produtos dos Estados Unidos, Japão e China, prejudicando a produção nacional e provocando a desindustrialização do país
Requião disse ainda aos sindicalistas que mesmo os valores alternativos apresentados para o novo salário mínimo não são satisfatórios, já que o ponto de partida da chamada política de recuperação do salário mínimo começa em um patamar muito baixo. Sendo assim, argumentou, “as correções propostas são ridículas”.
Política econômica, o nó
O senador paranaense insistiu com os sindicalistas que todo o debate em torno do salário mínimo exaure-se e não leva a nada, se pontos centrais da política econômica não foram reformados. Ele citou o fim da autonomia do Banco Central, a queda dos juros, o corte de impostos, o controle do câmbio, a elaboração e execução de uma política industrial, o combate a especulação financeira co mo pontos essenciais de um debate sobre a reforma da política econômica vigente.
Para Requião, enquanto não houver a reforma, “todos os anos teremos a mesma discussão e não chegaremos a lugar algum”.