Com os juros altos, Brasil pune produção e premia rentistas
Em seu comentário diário para as emissoras de rádios, o senador Roberto Requião disse nesta segunda-feira, 13, que a política de juros do governo federal é uma das travas que impedem o desenvolvimento nacional. Hoje, de um grupo de 40 países, entre desenvolvidos e em desenvolvimento, o Brasil é o que tem a maior taxa de juro real, 6,8 por cento ao ano, lembrou o senador. O segundo lugar é do Chile, com juro real de 1,5 por cento ao ano. Dos 40 países pesquisados, 29 mantém taxas de juro negativas, entre eles os Estados Unidos, afirmou Requião.
“O Banco Central diz que aumenta os juros para deixar o crédito mais caro e com isto evitar a inflação. Mas na verdade este não é realmente o problema”, avaliou Requião.
Segundo ele, o problema está no fato de que os nossos últimos anos nem o Governo Federal e nem o setor privado investiu em infra-estrutura, na produção e em novas tecnologias. “Desta forma, qualquer pequeno aquecimento da demanda não encontra contrapartida na produção nacional e provoca um efeito inflacionário”, explicou.
Requião criticou a decisão de elevar os juros e disse que a medida vai de encontro com o que é definido pelos países desenvolvidos. “A solução é sempre a mesma: tirar vantagens trabalhistas, diminuir as garantias da saúde e aumentar juros. Não é este o caminho”, criticou.
Para o senador, o Governo Federal deveria aumentar o depósito compulsório e aquecer a economia interna aumentando o salário mínimo, desonerando a folha de pagamento e incentivando às empresas brasileiras.
“Precisamos apostar no crescimento do mercado interno e no desenvolvimento de novas tecnologias. Outra medida é acabar com a depreciação do dólar e combater o capital vadio, que não produz nenhum bem, mas ganha com a especulação”, sugeriu.
Requião também comentou a pauta de exportação brasileira. O Brasil exportava 45% de produtos industrializados. No entanto, este percentual caiu para 39%. “Estamos voltando ao passado”, alertou. “Só iremos para frente se tivermos uma forte industrialização e um poderoso mercado interno”, finalizou.
Ouça o comentário do Senador Requião