O Brasil perdeu neste domingo, dia dois, um de seus gigantes. Um homem que qualquer nação do mundo, qualquer povo, qualquer governo, qualquer universidade ou centro de pesquisas orgulhar-se-ia de tê-lo como seu filho, seu professor, seu cientista. No entanto, sob quase completo silêncio morreu Bautista Vidal. Do governo, de sua Casa Civil, que tantos lamentos manifesta com o passamento de brasileiros cuja trajetória não constitui propriamente um exemplo de vida, não ouvimos qualquer palavra, qualquer homenagem, nenhum reconhecimento.
Poucos brasileiros amaram a sua terra com tanto ardor, com tanta paixão quanto Bautista Vidal.
Tive o privilégio de ser seu amigo. Impressionava-me o seu entusiasmo pelo Brasil, por nossas infinitas potencialidades tropicais, por nossas energias ilimitadamente renováveis contrapondo-se à ditadura do petróleo. Quando começava a falar sobre isso Bautista iluminava-se, transfigurava-se, parecia levitar.
Normalmente, superficialmente, quando se faz referência a Bautista Vidal, em especial nossa inefável mídia, tende-se a resumir sua biografia à criação do Pró-Álcool, o que não é pouco. Mas o Pró-Álcool é resultado do pensamento da Bautista sobre energia e desenvolvimento.
E esse pensamento, essa formulação genial abrange todos os aspectos da vida nacional, não se restringe a um programa específico. É um programa para o Brasil Nação.
No entanto, nas referências a Bautista Vidal que os nossos dependentistas faziam, e fizeram agora por ocasião de sua morte, o pensador, o formulador desaparece, não existe. Talvez seja por isso que o governo federal silenciou diante da morte de Bautista. Nacionalista, antiprivatista, de uma brasilidade extremada, Bautista deve ser uma lembrança incômoda, embaraçosa e importuna a um governo que promover o maior programa de privatização e desnacionalização da história do Brasil.
De qualquer forma, faço aqui justiça: o Jornal Nacional, da Globo, noticiou a morte de Bautista. A TV Brasil, do governo federal, não.
Já la vão 500 anos e este país continua uma imensa, gigantesca colônia. Mudam-se os métodos, a roupagem, mas a essência é a mesma, e o resultado é o que está aí – bastar sair às ruas. Adriano Benayon constata com precisão o problema.
Infelizmente, nomes como o de Bautista Vidal são esquecidos, enquanto outros que fazem imenso desserviço à Nação são lembrados incessantemente (um tal de Civita, por exemplo). Porém, isso é compreensível, tendo em vista a grande mídia servil e vendida.
Que o senhor , um Senador da República, lembre a importância de Bautista Vidal e o homenageie devidamente, bem isso é alguma coisa, uma esperança.