Cara Ittala.
Senhoras e senhores diretores, produtores, realizadores, atrizes e atores.
Senhoras e senhores das comissões julgadoras.
Alunos e professores de nossa Escola de Cinema.
Paranaenses.
Acredito que esta terceira edição do Festival de Cinema do Paraná represente a consolidação da nossa mostra no calendário brasileiro e latinoamericano. Para quem faz cinema e gosta de cinema, o nosso Festival transforma-se em referência necessária.
A Ittala apresentou-me alguns números expressivos. São 242 filmes inscritos; 69 longas brasileiros, sendo l5 inéditos; l6 filmes latinos; e l73 curtas metragens. Para um Festival tão jovem, é uma quantidade de obras apreciável.
A satisfação do Governo do Paraná eleva-se ainda mais ao ver reunidos aqui mulheres e homens que fizeram e fazem a história do cinema brasileiro, como diretores, atores, produtores. Na Comissão Julgadora de longas metragens, por exemplo, vemos nomes que se confundem com a própria saga do cinema nacional, nas últimas cinco décadas, como Orlando Senna, que preside o júri, e Antonio Pitanga.
E entre tantos destacados diretores, o Festival recebe com alegria uma obra de José Mojica Marins.
A Ittala lembra-me também que o nosso Festival talvez seja o que concede os mais significativos prêmios em dinheiro dos tantos congêneres no país. É a nossa forma de homenagear os realizadores nacionais, de incentivá-los e agradece-los pela contribuição ao desenvolvimento de nossa cultura.
Uma das coisas que me encantam em nosso Festival é esse despojamento, que se retrata aqui na abertura, por exemplo. Não se vê aqui aquela tietagem toda, aquele excesso de luzes, passarelas e guarda-roupas que, mais das vezes, desvia o foco do que realmente interessa.
Acredito que é assim que deva ser. No centro da cena, o cinema. A retrospectiva da obra de Glauber Rocha e dos filmes do diretor italiano Dino Risi, assim com o o seminário “O Cinema que Pensa” dão esse sentido, qualificam o nosso Festival como um Festival de reflexões, de indagações, de reavaliações, de buscas. Tanto estéticas quanto políticas. Sem donos da verdade. Apenas homens e mulheres que pensam, debatem e avançam.
O Festival de Cinema do Paraná é uma consequência direta da nossa Escola Superior Sul Americana de Cinema e TV, uma escola pública, que busca fundar um novo pólo de cinema no Brasil.
Se, em todos os ramos de atividades econômicas, o Brasil tende a ser cada vez mais policêntrico, também a cultura, a produção de cultura deve desconcentrar-se, deixar de gravitar em torno de Rio-SãoPaulo.
O Paraná está contribuindo para entortar, adernar esse eixo.
O Museu Oscar Niemeyer, onde estamos abrindo o Festival, já faz isso. O MON é hoje o mais ativo dos museus brasileiros. Valho-me de uma declaração recente de Paulo Herkenhoff, que assegura: “Pouquíssimos museus brasileiros têm hoje um programa expositivo tão vigoroso como a instituição paranaense.”
De fato. Basta que se faça um balanço do que os grandes museus brasileiros expuseram e promoveram nos últimos dois anos, para que se comprove a supremacia do Museu Oscar Niemeyer. Hoje, quando se fala em artes plásticas, o MON é referência inescapável.
Da mesma forma, pretendemos que assim seja com a produção cinematográfica. A Escola e o Festival escoram a possibilidade de construirmos e consolidarmos aqui um forte pólo de cinema. Um pólo que seja como este Festival. Instigador, vivo, que ouse pensar e ouse fazer. Que não se distancie de nossa realidade. Que contribua para modificá-la.
Sonho ainda ver aqui um pólo cinematográfico que seja o mais ativo elo de integração com o cinema latinoamericano, especialmente com os nossos irmãos do Cone Sul, do Mercosul.
Não acredito em integração, em quebra de preconceitos, em combate à xenofobia sem que haja a integração cultural. Ela vem antes de tudo. Ela vem antes da integração econômica, monetária, fiscal, o que seja. Sem aproximação, entrelaçamento, simbiose cultural, não avançaremos na derrubada das barreiras que nos apartam.
Daí o meu entusiasmo com este Festival. Daí o interesse do Governo do Paraná de vê-lo rompendo as nossas fronteiras, atraindo cada vez mais realizadores da Argentina, do Uruguai, do Chile, do Paraguai, da Bolívia, do Peru, da Venezuela, do Equador, dessa Latino América toda.
Irmãs e irmãos latino-americanos, bem-vindos e obrigado por comparecer a este Festival com as suas obras e idéias.
À Ittala, aos professores e aos alunos da Escola de Cinema os cumprimentos do Governo do Paraná pelo Festival.
A todos, um ótimo Festival.