Requião diz em Minas que negar salário é burrice e tentação escravocrata
Principal convidado do ciclo de debates da Assembléia Legislativa de Minas Gerais sobre a implantação do salário mínimo regional naquele estado, o senador Roberto Requião rebateu com dureza as argumentações dos que se opõem á adoção da medida: “Toda essa conversa mole sobre aumento do desemprego, aumento da informalidade, quebra das empresas, dispensa em massa dos empregados domésticos, tambem ouvi no Paraná. Quando o Brasil libertou os escravos, disseram a mesma coisa. Quando a jornada de trabalho foi reduzida de 18 para 16 horas, depois para 14, depois para 12 e de 12 para oito, disseram a mesma coisa. O que essa gente quer é escravo e não trabalhadores bem remunerados, tratados com respeito e dignidade”.
Retrucando representantes do Governo do Estrado e de central sindical que está aderindo ao PSDB no estado, para os quais defender um salário mínimo regional, com valores acima do piso nacional “é criar falsa expectativa“, Requião disse que seus argumentos não eram teorias, hipóteses, já que se baseava no exemplo paranaense, que deu certo e que hoje paga o maior salário mínimo regional do país e mantém um dos maiores índices de criação de emprego com carteira assinada, nacionalmente .
O senador paranaense discorreu também sobre a importância dos salários para enfrentar a crise financeira mundial. Ele lembrou que na origem da crise, nos Estados Unidos, que explodiu em 2008 e que agora experimenta uma nova ascensão, está exatamente o congelamento dos salários, que passaram a ter um grande descompasso com o aumento da produtividade, reduzindo drasticamente o poder de compra dos trabalhadores. A engenharia financeira par contornar a contradição, adotado pelos norte-americanos, levou os assalariados á inadimplência, fazendo ruir o castelo de cartas dos especuladores.
Requião disse que o Brasil corre sério risco e que a crise só não nos atingiu mias fortemente por causa das políticas sociais do ex-presidente Lula, que alargou o mercado de consumo ás classes C, D e E, e em função das exportações de commodities de minérios e de grãos. No entanto, advertiu, basear toda a vida nacional na depreciação do dólar, na atração de especuladores internacionais, para se aproveitarem de nossas taxas de jutos estratosféricas, e nas exportações de ferro e soja, além da contenção dos salários e aposentadorias, é uma péssima aposta.
Como saída, Requião defendeu o aumento de salários, a implantação de pisos regionais, investimento em infra-estrutura, pública e privada, inovação tecnológica, controle do câmbio, queda dos juros e redução de impostos, controle de capitais, com freio na especulação e política industrial.
Ainda referindo-se ao exemplo paranaense na implantação do salário mínimo, Requião retrucou também o argumento da “queda da arrecadação` e da “quebra do estado“, como “conversa mole“, sem qualquer fundo de verdade. “O que essa gente não quer é trabalhador ganhando bem. Eles têm, saudade da senzala, da casa grande, do pelourinho. Isso é atraso e com atraso o país não se desenvolve`.
Segundo Requião, a cantilena neoliberal de cortar salários, cortar a Previdência, reduzir os benefícios sociais, reduzir os investimentos em saúde e educação e privatizar tudo, não pode ser mais tolerada, especialmente pelos sindicatos e pelos trabalhadores.
As intervenções do Senador Roberto Requião foram recebidas com entusiasmo pelos trabalhadores e sindicatos presentes no ciclo de debates. Conforme os promotores do encontro, elas representaram um diferencial com outros debatedores e um forte contraponto com as posições conservadores de representantes do Governo de
Minas e de centrais sindicais a ele atreladas.
O ciclo de debates contou com a participação de representantes de vários estados brasileiros, onde já existe o mínimo regional. A organização do encontro foi dos deputados Celinho do Sinttrocel (PCdoB) e Rogério Correia (PT).