Ministro Fernando Haddad diz que Enem não serve para comparar qualidade das escolas
Os indicadores do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não são adequados para comparar a qualidade das escolas públicas. A afirmação foi feita pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, que participou de audiência pública na manhã desta terça-feira (04) na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, que é presidida pelo senador Roberto Requião. A reunião desta terça-feira foi conduzida pelo senador Paulo Bauer(PSDB-SC), vice presidente da CE.
Para o ministro, a comparação feita com base nos dados do Enem é "injusta", uma vez que há variáveis que não são consideradas nas notas divulgadas. Ele disse, por exemplo, que as escolas particulares investem de três a dez vezes mais por aluno do que as públicas. Em sua avaliação, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é mais apropriado para avaliar as escolas de ensino médio no Brasil
Para a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Maria Nilene Badeca da Costa, o Enem oferece oportunidade de acesso ao ensino superior, bem como possibilita que seus resultados sejam utilizados para avaliação do ensino médio em cada estado e, assim, aplicar melhor as políticas públicas para a educação. No entanto, também discordou da utilização dos indicativos do exame para comparar escolas, já que o exame é opcional.
Tempo Integral
O ensino médio em tempo integral, com professores em dedicação exclusiva, poderá contribuir para modificar o interesse pela educação por parte de alunos e professores, avaliou o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). O senador disse que nas localidades onde existem exemplos de turno integral houve mudanças significativas na motivação de estudantes e professores.
Para Maria Nilene da Costa, a implantação de escolas de nível médio em turno integral vai gerar aumento no custo da educação, em razão do incremento na estrutura da escola e na alimentação escolar. Apesar disso, afirmou ela, o resultado é positivo.
Em sua participação na audiência da CE, o ministro Haddad ainda pediu aprovação do projeto de lei que institui o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. Ele disse que o estudante deve concluir o ensino médio e ter a oportunidade de cursar a educação profissional ou de ingressar na universidade. Assim, observou, o jovem estará apto a colaborar como o desenvolvimento do país.
Limitações, ainda
Nos últimos anos, o Brasil foi o terceiro país que mais evoluiu no exame Pisa – que avalia os conhecimentos adquiridos por estudantes de 15 anos em várias partes do mundo -, embora o patamar alcançado ainda seja insatisfatório. Esse dado, segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, mostra a melhoria do ensino fundamental brasileiro. Ele admitiu, no entanto, que o ensino médio precisa de mais atenção.
– Se é possível afirmar hoje que o ensino fundamental respondeu aos estímulos governamentais, no caso do ensino médio os avanços têm sido mais tímidos do ponto de vista da qualidade – reconheceu.
O ministro defendeu a diminuição da carga de conteúdos do ensino médio, "na direção de um currículo mais enxuto e menos sobrecarregado" e disse que o governo trabalha para que os jovens possam optar por pelo menos uma de duas alternativas ao concluir a educação básica: seguir para o ensino superior ou dedicar-se à educação profissional.
Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado (Com informações da Agência Senado)