publicado originalmente em: www.oicuritiba.com.br
Cinco reportagens que mostram que o Paraná não cresceu nem tampouco avançou nos quatro anos de mandato do governador Beto Richa, candidato a reeleição. Os números foram retirados de relatórios do Ipardes, Ministério do Trabalho e outras instituições sérias. Eles revelam que, em muitos casos, o Estado regrediu, voltou no tempo. Nenhum hospital foi construído, nenhuma obra de vulto foi iniciada, nenhum programa social foi lançado, viaturas da Polícia Militar estragadas lotam oficinas por todo e Estado sem que o governo pague pelos consertos, outras, porém, param nas ruas por falta de combustível.
A propaganda e o discurso do candidato tucano não resistem aos fatos e à realidade terrível que o Paraná atravessa sob sua administração. O Paraná de Beto Richa gerou, em quatro anos, apenas 17 mil empregos com carteira assinada a mais que os primeiros quatro anos da administração de Roberto Requião, seu principal adversário nessa eleição.
Como acreditar no surrado discurso de que Beto Richa precisou “colocar a casa em ordem” quando assumiu o governo? Que precisou pagar contas com um caixa sem dinheiro?
As comparações com o governo de Roberto Requião mostram justamente o contrário. Nos primeiros quatro anos de Requião, o Paraná gozava de índices econômicos superiores aos de Beto Richa. Esses indicadores se mantiveram em alta no mandato seguinte de Requião. Basta ver, por exemplo, o saldo da balança comercial paranaense em 2010, último ano de governo do peemedebista: US$ 219 mil. No período Beto Richa, esse saldo despencou para níveis negativos, como pode ser visto na quarta reportagem, abaixo.
Outras comparações e avaliações podem ser lidas nas outras reportagens, todas reproduzidas abaixo. Mas prepare-se, caro leitor. Você verá que a diferença entre a propaganda tucana e a realidade é brutal. O Paraná não avançou como deveria. Em quatro anos, e com um caixa de mais de R$ 118 bilhões, deveríamos ter crescido muito mais. Boa leitura!
O ilusório Paraná de Beto Richa (1)
O discurso e a propaganda do governador Beto Richa não resistem aos fatos. Sob sua administração, o Paraná não avançou tanto como a máquina estatal e o candidato a reeleição tentam convencer o paranaense. Uma análise rápida nos resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que, nos últimos quatro anos, o crescimento do Paraná foi pífio em relação, por exemplo, aos outros dois Estados da região Sul.
A propaganda richista desmorona ainda mais se compararmos os números do governo de Richa com os do seu principal adversário nesta eleição, o senador Roberto Requião. Nos primeiros quatro anos do segundo mandato do peemedebista, de 2003 a 2006, foram criados 343.788 empregos com carteira assinada no Paraná. No governo de Beto Richa, foram gerados 361.235, uma diferença de pouco mais de 17 mil novos postos de trabalho.
Levando em conta o período de tempo entre os dois governos, a diferença entre os números é muito pequena, ou seja, de 2006 para cá, o Paraná parou no tempo, “crescendo” apenas 5,07%. Qualquer analista econômico diria que Richa levou uma surra de Requião já que essa diferença deveria ser bem maior.
Os mecanismos de geração de novos postos de trabalho adotados pelo tucano não foram capazes de superar, com competência, programas como a troca de imposto por emprego, adotado pelo peemedebista , e que estabelecia a isenção e redução de impostos para o micro e pequeno empresário. Um programa que, aliás, Requião promete relançar se for eleito.
A verdade é que os números revelam que o Paraná não cresceu na proporção exagerada que Beto Richa mostra na sua milionária propaganda. Ao contrário, os números demonstram uma estagnação absurda. O relatório do Caged revela outro dado constrangedor ao governo tucano. Rio Grande do Sul e Santa Catarina tiveram aumentos maiores que os parcos 5,07% do Paraná.
De 2003 a 2006, Santa Catarina gerou 261.385 empregos. Rio Grande do Sul chegou a 242.865 novos postos de trabalho com carteira assinada. No Paraná foram criados 343.788.
No período que compreende o governo de Beto Richa, 2010 a 2014, Santa Catarina gerou 288.661 e Rio Grande do Sul 344.918. O Paraná conquistou mais postos de trabalho, é verdade, com 361.35.
A diferença, porém, é que esses números revelam que Santa Catarina teve, nos últimos quatro anos, um crescimento de 10,44% em relação ao volume de empregos criados até 2006.
No caso do Rio Grande do Sul a diferença é mais gritante. Os gaúchos tiveram um aumento de 42,02% de empregos com carteira assinada. Enquanto isso, no mesmo período, o Paraná cresceu meros 5,07%. Se formos levar em conta o entusiasmo cênico com que Beto Richa comemora os avanços que seu governo supostamente teria trazido ao Paraná, era de se esperar que o Paraná tivesse índices semelhantes ou melhores que os do Rio Grande do Sul. A realidade, porém, não é essa.
A situação do Paraná é, portanto, bem diferente do que o governador Beto Richa diz. O Paraná não vai bem, obrigado. Crescer em quatro anos apenas 5,07% numa área tão importante quando a geração de empregos não é razão para nenhuma comemoração. Ao contrário, é retroceder e não há propaganda milionária capaz de esconder isso.
O ilusório Paraná de Beto Richa (2)
Como acreditar na propaganda e no discurso do governador Beto Richa se, a cada comparação com o governo que o antecedeu, os números e os fatos pulverizam o discurso que o Paraná vai bem, obrigado? No texto anterior, o Oi, Curitiba revelou que a geração de empregos do governo richista foi irrisória, chegando a apenas 5,07% a mais em relação ao mesmo período do governo de Roberto Requião e, pior, sendo superada pelos demais estados da Região Sul. O Rio Grande do Sul, por exemplo, alcançou, nos últimos quatro anos, um aumento de quase 50% em relação ao período comparado (2003-2006). Dessa vez, vamos comparar o tamanho do orçamento disponível e o que foi feito por Beto e Requião com esse dinheiro.
Orçamento é o dinheiro que o governo dispõe para honrar seus compromissos financeiros e para realizar obras e investimentos no Estado. O valor do orçamento é estabelecido pela estimativa de arrecadação das receitas estaduais.
Nos primeiros quatro anos do seu mandato, Roberto Requião teve um orçamento de R$ 50,2 bilhões para administrar. Bem diferente do orçamento que Beto Richa teve em suas mãos nos últimos quatro anos: R$ 118,3 bilhões. Esse valor é tão expressivo que quase supera o orçamento total dos oito anos de governo Requião: R$ 128,1 bilhões.
Mas, o que fizeram Roberto Requião e Beto Richa com todo esse dinheiro? E por que, com R$ 118 bilhões à sua disposição, Beto Richa insiste no discurso de que não foi possível administrar o Paraná com eficiência por não conseguir obter um empréstimo de R$ 800 milhões por culpa do governo federal?
Em 2003, Requião assumiu o governo do Paraná com um orçamento, definido pelo governo anterior de Jaime Lerner, de R$ 9,9 bilhões. Em 2011, Beto recebeu um orçamento, programado pelo governo de Requião, de R$ 23,5 bilhões.
Já no primeiro ano de mandato, Requião lançou vários programas econômicos e sociais no Paraná. O sistema de troca de imposto por emprego, por exemplo, isentava micro empresários do pagamento de ICMS. Pequenos empresários tiveram redução na alíquota do imposto. Imediatamente, essa parcela do empresariado paranaense passou a ter recursos para contratar pessoal, gerando mais empregos com carteira assinada e aquecendo uma economia cambaleante herdada do governo Lerner.
Ainda no primeiro ano, surgiram os programas Luz Fraterna e Leite das Crianças. O primeiro beneficiou as famílias de baixa renda residentes no Paraná com a quitação de sua conta de luz quando o consumo mensal não superasse 120 kWh. O segundo entrega um litro de leite, diariamente, a crianças pobres com até três anos de idade, mães que participam de campanhas de aleitamento, gestantes e crianças de 3 a 6 anos que não frequentam creche.
Em seu governo, Beto Richa cancelou a isenção e redução de impostos para os micro e pequenos empresários e não lançou nenhum programa social. Mesmo com toda a verba prevista no orçamento, não se viu no Paraná nenhuma obra de relevância. Nenhum hospital foi construído assim como nenhum presídio. Nos mandatos de Requião, 44 hospitais foram construídos ou reformados e não houve registros de rebeliões como as 21 ocorridas nas penitenciárias estaduais no mandato de Richa.
É necessário, antes de votar, comparar as duas administrações já que, no momento atual da corrida eleitoral, Requião e Richa polarizam a disputa. É preciso analisar o que foi feito com todo o dinheiro previsto nos orçamentos dos dois. A diferença é muito grande. Requião administrou os primeiros quatro anos do seu mandato com R$ 50,2 bilhões enquanto Beto teve nas mãos R$ 118,3 bilhões. Com tanto dinheiro disponível é incompreensível termos tido tão poucas obras no Estado.
Não se explica, também, por que nesses quatro anos tantos empresários passaram por penúrias por falta de pagamentos do governo do Estado. Carros de polícia deixaram de circular por falta de combustível. Centenas de viaturas ficaram paradas em oficinas sem verbas para consertos básicos. Fornecedores de leite quase faliram sem receber pagamentos apesar de jamais deixarem de fornecer o produto. Atrasos, enfim, no cumprimento de compromissos em todas as áreas. Mais incompreensível ainda é a história de que o Paraná foi discriminado pelo governo federal. Que não avançamos porque não pudemos receber um empréstimo de R$ 800 milhões.
A verdade é que a propaganda do governo Beto Richa ilude o paranaense. O Estado não avançou como a turma do Paraná que acredita tenta convencer o eleitor. Ao contrário, com tanto dinheiro no cofre, era para o Paraná ter avançado muito mais do que os números revelam.
O ilusório Paraná de Beto Richa (3)
Parem as máquinas!!! O Paraná vive mais uma rebelião de presos e o governador Beto Richa foi, provavelmente, pego de surpresa. Dessa vez, o motim ocorre na Penitenciária Estadual de Piraquara II e, de acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, dois agentes foram feitos reféns.
No ilusório Paraná de Beto Richa, aquele em que vivemos numa ilha de prosperidade enquanto a quantidade de empregos criados é bem menor do que mostra a propaganda richista e não se vê onde foram gastos os R$ 118,3 bilhões dos orçamento do Estado, as coisas ocorrem sempre sem o conhecimento do governador. O jornalista Rogério Galindo produziu, para a Gazeta do Povo do dia 27 de agosto, um rol de situações em que Richa foi pego de surpresa. Desculpa, aliás, que levou a senadora Gleisi Hoffmann, candidata do PT ao governo do Estado, a apelidar o governador de Kinder Ovo, sempre surpreso.
No levantamento de Galindo figura, por exemplo, a rebelião no presídio de Cascavel, ocorrida no mês passado. Depois de cinco mortos e 25 feridos, Beto Richa disse que “foi pego de surpresa” pela rebelião. Antigamente, num passado não tão remoto, tanto a Secretaria da Segurança Pública quanto a da Justiça recebiam informações suficientes para se prever com antecedência a ocorrência de qualquer manifestação dentro dos presídios. No governo de Beto Richa isso não ocorre mais?
O aumento na tarifa da Copel também causou espanto ao governador. Depois que a Aneel aprovou um aumento de 35,05%, e a empresa de energia paranaense aceitou, Richa publicou em seu perfil no Facebook que havia sido pego de surpresa com a atitude da estatal e determinou a suspensão do reajuste.
Quando o então secretário de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Junior, anunciou que o Estado faria um repasse de R$ 32 milhões para manter o transporte público da Grande Curitiba, Beto não apenas se revoltou como se disse, pasmem, “surpreendido”. “Fui pego de surpresa com o anúncio dele. O anúncio quem vai fazer sou eu e até sábado”, reclamou.
As vexaminosas situações em que Beto Richa é pego de surpresa não se limitaram apenas às aqui citadas. Foram tantas outras e podem ser conferidas no levantamento de Galindo no link http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/caixa-zero/dez-momentos-em-que-richa-diz-ter-sido-pego-de-surpresa/.
O que causa espanto e temor ao paranaense é ter no comando do Estado um governador tão mal informado. Parece que Beto Richa nunca sabe o que acontece ao seu redor. Acontece que, como governador, esse “redor” não se limita apenas ao seu ricamente decorado gabinete no Palácio Iguaçu. A um governador não se dá o direito de ser pego de surpreso com a frequência que ocorre com Richa.
O número de rebeliões nas penitenciárias estaduais chega ao constrangedor número de 22 ocorrências em quatro anos. Um recorde, sem dúvida. Além da desculpa da “surpresa”, Beto Richa foi orientado a dizer que os motins são fruto de uma orquestração maquiavélica. De quem, cara pálida? Dos presos que reclamam da qualidade fétida da comida servida nos presídios do Paraná? A solução, então, é simples: basta chamar a SP Alimentação e a J.Coan para fornecer marmitas nos presídios. As empresas aceitariam a missão rapidamente, a contratos extremamente vantajosos para ambas as partes.
Calma lá, gente. É melhor avisar que essa sugestão é apenas uma brincadeira já que é muito provável que o governador não tenha conhecimento que as duas empresas são investigadas por fazer parte da máfia das merendas escolares. É bom evitar novas surpresas para Beto Richa.
O ilusório Paraná de Beto Richa (4)
A contradição entre o que o governador Beto Richa insiste em mostrar na sua propaganda e a real situação em que se encontra o Paraná é brutal. O discurso do candidato à reeleição não se sustenta mais. A maquiagem carregada que seus marqueteiros usam na televisão para convencer o eleitor de que vivemos num Estado muito melhor do que vivíamos antes da eleição de Richa derrete à medida em que fatos e números desmentem o ilusório Paraná da turma do tucano.
Os indicadores econômicos retratam um Paraná bem diferente da propaganda de Beto Richa. Um relatório do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) revela que, desde que Richa assumiu o governo, o Estado regrediu economicamente. A participação do Paraná no Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) é um exemplo. Em 2003, primeiro ano do mandato de Roberto Requião, a participação do Paraná no PIB era de 6,44%. Já no primeiro ano de Richa esse índice despencou para 5,78%.
É inevitável comparar os resultados dos dois governos – Requião e Richa – já que a eleição está polarizada entre os dois candidatos. De acordo com o Ipardes, em 2004, o Paraná participava com 6,31% do PIB e em 2005, 5,90%. Nos outros dois anos do mandato de Richa, 2012 e 2013, o índice não conseguiu superar os resultados do governo anterior: 5,82% e 5,94%, respectivamente. Ou seja, nos três primeiros anos do governo Requião a situação econômica do Paraná era muito mais forte do que nos três primeiros anos de Beto Richa. Onde está, portanto, o avanço tão comemorado pelo tucano?
Outro dado que desmente a propaganda tucana e revela que o Paraná não prosperou como Beto Richa tenta convencer o eleitor está na balança comercial. Segundo o Ipardes, o saldo da balança comercial paranaense, em 2003, foi de US$ 3.671.802. Em 2004 foi de US$ 5.378.879 e, em 2005, US$ 5.506.296.
No governo Beto Richa, esse saldo, que durante o governo Requião sempre se manteve positivo, não apenas caiu como entrou no vermelho, ficando sempre negativo nos três primeiros anos. Em 2011, o saldo da balança comercial paranaense foi, em dólares, – 1.373.487; em 2012, – 1.678.203 e, em 2013, – 1.104.637.
Esses dados revelam que a economia paranaense regrediu de forma violenta no mandato de Beto Richa. Significa dizer que, desde 2011, há menos dinheiro circulando no Paraná. Essa recessão desencadeia dificuldades em todos os setores da economia estadual. Os números da indústria paranaense são outro exemplo.
A Pesquisa Conjuntural da Indústria, produzido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), mostra que o volume de vendas reais da indústria paranaense também regrediu no mandato de Richa. Segundo o relatório da Fiep, na primeira administração de Roberto Requião, o volume de vendas da indústria foi de 12,78%, enquanto no mandato de Richa esse índice caiu para 9,04%.
O período eleitoral é pródigo e o momento ideal para comparar o desempenho e o currículo dos candidatos. O eleitor paranaense pode, nessa eleição, confrontar duas administrações: a de Roberto Requião e a de Beto Richa. É necessário, porém, se basear em dados concretos e números reais para não se iludir com a beleza dos programas eleitorais e com a máscara que boa parte dos candidatos usa nesse período.
Os números não mentem. O Paraná não avançou como prega a campanha de Beto Richa. O discurso usado pelo governador, de que pegou um Estado quebrado e teve que botar a casa em ordem, não reflete a realidade. Os dados e as informações que desmentem o tucano são de instituições sérias como a Fiep e o Ipardes. Assim como o Caged, do Ministério do Trabalho, que mostra que a geração de empregos no Paraná ficou longe de ser comemorada, com míseros 5,07% de crescimento em relação ao governo de Requião.
O Paraná ilusório de Beto Richa é muito bonito na televisão e, até mesmo, na estampa do candidato tucano. Beleza, porém, não põe mesa, já diziam nossos avós. O Paraná precisa voltar a avançar.
O ilusório Paraná de Beto Richa (5)
A série de reportagens ‘O ilusório Paraná de Beto Richa’ tem mostrado que o Estado não avançou como sugere o governador Beto Richa. Os números revelados dos quatro anos sob administração do tucano são a maior prova disso. A geração de empregos ficou muito abaixo da expectativa. Os investimentos, obras e programas sociais não apareceram, mesmo o governador tendo um orçamento de R$ 118 bilhões nos quatro anos em que senta em sua confortável poltrona no Palácio Iguaçu.
Em doze meses, 22 rebeliões nos presídios mostraram a fragilidade da segurança pública e, pior, trouxeram ao conhecimento do paranaense o fato do seu governador sempre ser pego de surpresa a cada problema que surge no Estado.
Por fim, na quarta reportagem da série, mostramos que os indicadores econômicos do Paraná regrediram nos últimos quatro anos. O Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná caiu. Em 2003, por exemplo, primeiro ano do mandato de Roberto Requião, participávamos com 6,44% do PIB nacional. No final de 2011, primeiro ano de Beto Richa, fechamos com 5,78%. Nos anos seguintes, o Paraná jamais conseguiu voltar ao patamar anterior.
Os números da balança comercial foram, de 2011 pra cá, desastrosos. Aqui a comparação pode ser feita com todos os anos da administração de Requião, que sempre manteve o Paraná com valores positivos. No governo de Beto Richa, o saldo da balança comercial paranaense despencou para níveis negativos.
A indústria paranaense também sentiu os reflexos econômicos da política equivocada de Beto Richa. A Pesquisa Conjuntural da Indústria, produzido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), mostra que o volume de vendas reais da indústria paranaense também regrediu no mandato de Richa. Segundo o relatório da Fiep, na primeira administração de Roberto Requião, o volume de vendas da indústria foi de 12,78%, enquanto no mandato de Richa esse índice caiu para 9,04%.
O que o Oi, Curitiba não esperava era encontrar, nos números da agricultura, o mesmo retrocesso que encontrou nos segmentos anteriores, afinal, o Paraná é reconhecido por sua pujança agrícola. Infelizmente, até nessa área o governo de Beto Richa fez o Estado andar pra trás.
O Paraná sempre foi o maior produtor de trigo do Brasil. Na administração de Beto Richa, porém, colhemos bem menos do que em anos anteriores. Relatório do Ministério da Agricultura mostra que, enquanto nos primeiros três anos do governo de Roberto Requião (2003-2005), o Paraná colheu 9 mil toneladas de trigo, no governo Richa, não passou de 6,4 mil toneladas, entre 2011 e 2013.
Para piorar a situação, em 2011 o Paraná colheu menos trigo que o Rio Grande do Sul. Enquanto produzimos 2,5 mil toneladas, os gaúchos colheram 2,7 mil toneladas. Em 2013 novo vexame. Novamente fomos superados pelos gaúchos, dessa vez por uma diferença mais constrangedora. O Rio Grande do Sul colheu 3,1 mil toneladas de trigo. O Paraná não passou de 1,8 mil toneladas.
Todos esses números e essas comparações revelam a precariedade do discurso do candidato a reeleição. O Paraná vive um retrocesso jamais visto. São números dignos de recessão. O governador Beto Richa se gaba dizendo que somos o quinto Estado em importância econômica. Ora, ocupamos essa posição há anos e ela não foi conquistada graças aos esforços de Beto Richa. Ao contrário, nos últimos anos o Estado vem diminuindo a participação na economia, conforme explica o economista supervisor do Dieese, Cid Cordeiro. Para ele, o mais preocupante é o fato do Paraná não ter conseguido a participação projetada em anos anteriores. “O que preocupa é que, apesar de toda uma propaganda oficial, o Paraná não conseguiu nesse período uma política de desenvolvimento que colocasse ele numa posição melhor no quadro nacional”, disse Cordeiro.
Com todas as informações colhidas pelo Oi, Curitiba fica impossível acreditar no que diz o governador Beto Richa. Não é possível crer, por exemplo, que o tucano pegou um Estado quebrado, como ele reiteradas vezes afirma. Assim como não é possível acreditar que, sob sua administração, o Paraná tenha crescido. Os números desmentem os dois discursos. Quando o Estado cresceu em alguma área, foi pouco, bem aquém do que a propaganda oficial mostra na televisão.
É preciso comparar os governos de Roberto Requião e Beto Richa para se apurar a verdade. Os números e relatórios são oficiais. Regredimos, essa é a verdade. Seja na economia, na área social, na geração de empregos e, agora se sabe, também na agricultura. A eleição está chegando. É o momento correto para decidir entre o avanço e o retrocesso. Na dúvida, vamos ao segundo turno. É o foro ideal para os dois candidatos mais bem colocados até aqui discutirem o Paraná e mostrarem ao paranaense esses números e as diferenças entre um governo e outro.