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Para Requião, o governo de Bolsonaro ainda é um um ponto de interrogação

À frente de um governo sem estratégia, sem planejamento e
sem equipe coerente, Jair Bolsonaro prenuncia uma era de
profundas contradições governamentais no Brasil. É impossível
saber qual direção tomará. O mais provável é que seu ministério
baterá cabeça uns contra os outros, sem rumo definido. Nossa
posição é a que Cristo recomendou a seus apóstolos numa hora de
amargura: vigiai e orai. Se no meio das contradições surgir, por
acaso, uma ou outra medida a favor do povo, nos comprometemos
a considerar.

 

A sociedade brasileira saiu das últimas eleições tão confusa
quanto entrou. A campanha foi pobre em termos políticos. A
polarização se deu, em muitos casos, em termos de
comportamento individual, e não de propostas fundamentais.
Nesse aspecto, não houve grandes diferenças entre os
candidatos. O tema da corrupção sequestrou o debate. É curioso,
mas a poucos ocorreu que corrupção é um tema da polícia e da
Justiça, não de Presidência da República. O presidente da
República é aquele que traça os grandes rumos do país, a grande
estratégia, e não alguém que sai por aí a caçar corruptos. Ele tem
mais a fazer.
Na minha interpretação, o resultado da eleição refletiu uma
profunda decepção da sociedade com a elite política. Não
apenas com o PT, que coletivamente levou a pecha de partido
corrupto, de forma injustificada, mas contaminando a todo o
sistema partidário. E a razão disso é óbvia: a situação objetiva da
maioria do povo está péssima. E a razão disso está diante de
nossos olhos: um nível de desemprego e subemprego sem
precedentes, da ordem de quase um terço da população
economicamente ativa. Isto, sim, não Jair Bolsonaro
individualmente, representa o grande risco do nazismo. As
pessoas pensam: se está tão ruim na democracia, porque não
experimentar outros sistemas?
Para os intelectuais, os cultos, as classes dominantes, as
elites dirigentes, a democracia é um bem absoluto. Para os
pobres e os muito pobres o valor absoluto é a comida para si e
para a família, garantida por um emprego regular. Os candidatos,
todos eles, não souberam captar essa mensagem de grande
parte da população. Como não captaram a segunda