Reforma política precisa melhorar qualidade do Congresso, diz Requião
Membro da Comissão que vai elaborar o Anteprojeto de Reforma Política, o senador Roberto Requião advertiu, nesta sexta-feira, 18, que as mudanças a serem propostas devem favorecer a elevação da qualidade do Parlamento e não contribuir com a sua desideologização, como seria o caso se adotado o voto distrital.
“O açodamento com que muitos estão defendendo o voto distrital preocupa-me, já que quererem transformar os nossos deputados em vereadores federais, voltados às pequenas questões dos distritos que o elegerem. Enquanto isso, grandes temas como a autonomia do Banco Central, a desindustrialização, o controle do câmbio, o apoio à agricultura vão desaparecer da pauta do Parlamento, favorecendo assim os especuladores e o capital multinacional”, argumentou Requião.
Em vez do voto distrital, o senador propõe a adoção de listas eleitorais mistas, uma fechada e outra aberta. A fechada seria montada nas convenções partidárias e abrigaria pensadores, filósofos, economistas, sociólogos e demais intelectuais de sólida formação que, em disputas eleitorais como as de hoje, poucas chances teriam de se eleger. “Essas pessoas vão enriquecer grandemente o debate no Parlamento, contribuindo para a elevação do nível das decisões. Hoje, é muito difícil que um candidato de opinião chegue ao Parlamento”, disse o senador.
A outra lista seria aberta, com os candidatos submetendo-se ao voto proporcional.
Para Requião, outro ponto importante da Reforma Política é o financiamento das campanhas eleitorais. O senador paranaense propõe que se adote mecanismo semelhante à Lei Rouanet, com o estabelecimento de limites por candidatos.

Ouça na sequência o discurso do senador Roberto Requião sobre o assunto.