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Requião anuncia vinda de Blatter mas pede urgência na reunião

Requião anuncia vinda de Blatter mas pede urgência na reunião

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), presidida pelo senador Roberto Requião, enviará ainda nesta semana correspondência ao presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, pedindo que ele marque a data da audiência pública sobre o projeto da Lei Geral da Copa de 2014. Requião justificou a urgência de seu pedido ao fato de que a votação da matéria depende da realização da audiência.
– Enquanto não houver audiência com o presidente da Fifa, o projeto está sobrestado “, disse Requião ao final de outra audiência, esta com o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, realizada nesta terça-feira (10) pela comissão.
Requião anunciou, no início da reunião, que Blatter havia aceitado o convite para uma audiência pública no Senado, depois que as três comissões por onde tramita o projeto – a CE e as Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) – recusaram a vinda do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke.
Em sua exposição aos senadores, o ministro Aldo Rebelo procurou demonstrar uma postura conciliatória em relação à Fifa.
– A Fifa já pediu desculpas”, afirmou, durante a audiência realizada a partir de requerimento dos senadores Ana Amélia (PP-RS), relatora do projeto na CE, e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Aprovado pela Câmara no último dia 28, o projeto da Lei Geral da Copa será examinado simultaneamente pela CE, CCJ e CAE. A matéria disciplina os direitos comerciais da Fifa na realização da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014 e estabelece privilégios temporários para a entidade e seus associados durante os eventos esportivos.
Atraso
O senador Cássio Cunha Lima manifestou preocupação com a suspensão da tramitação do projeto da Lei Geral da Copa enquanto não for realizada a audiência com o presidente da Fifa. A suspensão, a seu ver, pode levar a um atraso na aprovação da proposta. Ele pediu ainda informações a respeito do custo real da Copa do Mundo.
Em resposta, o ministro informou que as obras diretamente ligadas ao evento custarão de R$ 27 bilhões a R$ 30 bilhões. Incluídas, porém, as obras de infraestrutura e logística, o total pode superar os R$ 100 bilhões.
Durante o debate, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) também pediu “celeridade” nos preparativos para a competição. Em sua opinião, o Brasil precisa “honrar o acordo” feito com a Fifa para sediar o Mundial de 2014. Por sua vez, o senador Paulo Bauer (PSDB-SC) disse recear que muitos possíveis espectadores dos jogos da Copa do Mundo se afastem dos estádios por temor de problemas relativos à organização do evento.
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) alertou para o risco de a liberação da venda de bebidas alcoólicas durante a Copa aumentar os índices de violência nos estádios. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou o papel do futebol na “aproximação dos povos” e defendeu a realização de um jogo amistoso entre a seleção do Brasil e uma seleção conjunta das Coreias do Sul e do Norte. Por sua vez, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) pediu que o governo antecipasse campanhas de promoção da paz e do turismo nas cidades sede da Copa.
Os senadores Benedito de Lyra (PP-AL), Sérgio Petecão (PSD-AP) e Wellington Dias (PT-PI) pediram que a Copa do Mundo beneficiasse também cidades próximas às sedes dos jogos. O senador Pedro Taques (PDT-MT) manifestou preocupação com alguns dos dispositivos do projeto da Lei Geral da Copa, que, em sua opinião, lembram a atitude do rei Dom João VI, em 1808, de permitir que cidadãos ingleses fossem julgados no Brasil segundo os costumes da Inglaterra.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) perguntou ao ministro se os brasileiros poderiam “dormir tranquilos” sem se preocupar com os preparativos para a Copa. Em resposta, Rebelo disse que “não subestima” as dificuldades, mas considerou a realização do evento uma oportunidade para o Brasil. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) manifestou preocupação com as obras de mobilidade urbana em Manaus, uma das sedes da Copa do Mundo.
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) pediu que se discutisse mais o tema da liberação da bebida nos estádios. Por último, o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) anunciou que seu partido não vai criar obstáculos à aprovação da Lei Geral da Copa, embora tenha divergências em relação ao texto.
Ao final da audiência, Rebelo informou que tem negociado com a Fifa a possibilidade de se estabelecerem “condições especiais” para a compra de ingressos para os jogos da Copa do Mundo por índios e por beneficiados do programa Bolsa Família.
Agência Senado
Foto: Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) debate em audiência pública a organização da Copa do Mundo de 2014 e a Lei Geral da Copa. Mesa (E/D): ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, presidente da CE, senador Roberto Requião (PMDB-PR); vice- presidente da CE, senador Paulo Bauer (PSDB-SC)
Crédito: Arthur Monteiro/ Agência Senado