“O Parlasul é a verdadeira via de integração da América do Sul.” Essa é a opinião do vice-presidente brasileiro do Parlamento do Mercosul, senador Roberto Requião (PMDB-PR). Em entrevista à Agência Senado, Requião defendeu o Parlasul como foro de debates, acordos e resolução de atritos entre os países do bloco. Veja abaixo os principais pontos da entrevista.
Retomada
Nós tivemos esse impasse (com a suspensão das atividades do Parlasul por três anos) do Paraguai no Mercosul e o Parlasul é o Parlamento do Mercosul. Mas isso se resolveu, já fizemos a primeira reunião depois de três anos. O Paraguai, em atitude bonita do presidente (Horacio) Cartes, aceita a Venezuela no Mercosul. Isso é importantíssimo. A Venezuela tem US$ 750 bilhões de reserva cambial, é um país que precisa de tudo, de aliados, precisa se industrializar. O Brasil e a Argentina podem fazer muito por ela. Todos nós precisamos dessa unidade. Ela é boa para a Venezuela e para nós. E nós demos inicio à retomada do Parlasul. A Venezuela não participou dessa sessão, mas estamos abertos a ela, da próxima ela participará. Estamos fazendo mudanças no regimento interno e ano que vem funcionaremos normalmente.
Presidência
A Presidência é rotativa. Fui indicado pelo Brasil para a Vice-Presidência, o que significa que poderei, na rotação, vir a ser presidente. Vamos estabelecer, nas próximas reuniões, a ordem de sucessão. Pelo regimento, a sucessão se dá de seis em seis meses. Uma rotatividade muito grande. Nós acordamos que, nessa fase de reconstrução, o Uruguai ficaria com um ano de presidência. O Uruguai fica 2014 na Presidência e depois se retoma a rotatividade. Vamos estabelecer isso no começo do ano que vem. Teremos reuniões da Mesa em fevereiro, março e depois retomaremos as sessões regulares. A rotatividade semestral é muito rápida. A Mesa não consegue dar conta dos trâmites burocráticos. Acho que um ano seria bom.
Foro de debates
O Parlasul tem que ser o foro de discussão e de resolução dos atritos que possam existir na nossa economia.
Por exemplo, há algum tempo o governo brasileiro impôs restrições à entrada de carros do Uruguai no Brasil, uma coisa absolutamente ridícula. Os uruguaios produzem de 30 mil a 35 mil carros por ano e nós produzimos 3,5 milhões. Por outro lado, o Uruguai compra tudo do Brasil. Já a Argentina está dando uma reduzida [na venda] dos carros brasileiros, mas o que se esquecem de dizer os que protestam é que o nosso superávit com a Argentina é monumental. Nós vendemos muito mais que compramos. A Argentina toma determinadas medidas em defesa da economia quando há um problema muito sério internamente. Temos que entender e, mais que isso, estabelecer um regime que seja bom para todos os países. E esse problema de automóveis é mais uma briga de multinacionais, porque algumas empresas produzem na Argentina para exportar para o Brasil, outras se instalam no Brasil para usufruir as vantagens do Mercosul. Não sou contra isso, desde que nossos Estados nacionais regulem o processo e façam com que isso ocorra em benefício dos países, e não das multinacionais.
Integração
[Para contribuir com a integração da América do Sul], o Parlasul vai tentar dirimir problemas que às vezes são mal conduzidos pelos Executivos. Fazer sugestões às Presidências das Repúblicas. Integração é isso, conversa, e o parlamento é o espaço de falar, acordar, discutir. [O Parlasul] não é uma via alternativa, é a via de integração verdadeira. Integração não é a defesa dos interesses econômicos de grandes empresas, integração é cultural, educacional, econômica, é um processo civilizatório sul-americano.
Participação popular
A sociedade só vai participar [do Parlasul] quando tivermos eleição direta, que, conforme o acordado, se dará em 2020. Hoje, com a crise que todos os países vivem, criar cargos de parlamentares remunerados com gabinetes — o Brasil teria 76 — é de difícil digestão pela sociedade. Até lá, fica o sistema de deputados e senadores indicados pelos partidos nas representações dos países e um espaço de discussão. O número de parlamentares por país continua como está.
(Marcos Magalhães/Agência Senado/Jornal do Senado)
Foto: Sonia Baiochi / Agência Câmara
Página IncialNotíciasRequião destaca Parlasul como via de integração
2 comentários em “Requião destaca Parlasul como via de integração”
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Exatamente senador!
As grandezas se tornam mais visíveis quando há o brilho do nacionalístico puro, aquele do povo, não do militarismo bruto que não informa o povo politicamente; e, se ainda não aconteceu a integração desejado na America Latina, é porque, ao invés do que pensávamos sobre os povos da America, como guerrilheiros inimigos do Brasil, é o contrário disso; “Não acreditam no Brasil como nação a dar exemplo de patriotismo, senão como se portando sempre como “fazenda das multinacionais e do capital externo”.; E com efeito, isso de visível passa a se tornar “escancarado nos últimos atos de entreguismo do Poder Excecutivo”;
Nossos governos, alugados pelo capital do oriente, mantêm o dólar em patamares uniformizados pelo poder de compra dos EUA, pela libra esterlina e pelo euro, enquanto que, a China, mantem o yuan desvalorizado com relação ao dólar, e forte com relação ao poder de compra interno; “Isso derruba por terra todo e qualquer tipo de avanço tecnológico, desonerações, incentivos creditícios, que se possa fazer, apenas pelo simples fator da quase inexistência do “Estado Brasileiro”; O livre mercado inventado “la fora” e importado pelo sistema “FHC”, vem deixando a direção da economia como se fosse um carro desgovernado numa noite de chuva numa estrada de terra;
Há que se impor barreiras cambiais de diferenciadas legislações; a começar pela alfândega de importação chinesa; cada uma com diferença numérica de valores locais, porem de igual poder de compra entre as moedas e seus mercados domésticos, “AINDA QUE SEJA NECESSÁRIA A DISPENSA DO DÓLAR COM PONTE”!
Refiro-me a uma “muralha cambial no âmbito do Mercosul-CE, e outra no âmbito das alfândegas domésticas; “Sempre visando e primando pelas moedas locais; “Dessa discussão já nasceu a ideia do Banco de compensações do Sul; (diferente de banco para fins de financiamento);; Isso tiraria o jugo da escravidão que o dólar provoca nas economias da América;
Falaremos mais; Obrigado.
Correção; “COMO PONTE”, e não COM PONTE;