Para Requião e Ciro Gomes, Governo deve focar no crescimento do país e não na inflação
O senador Roberto Requião (PMDB/PR) e o ex-ministro Ciro Gomes participaram na noite de terça-feira (17) do programa “Tema Quente” (RedeTV!), ancorado pelo jornalista Kennedy Alencar. O principal tema debatidos foi a economia brasileira.
A primeira questão foi: o Governo Federal deve se preocupar com a inflação ou com o crescimento do país? Segundo Requião, “o Governo tem que governar”. O senador lembrou que este ano o Brasil teve um superávit comercial de US$ 29,6 bilhões, mas houve um déficit na balança comercial dos produtos manufaturados.
“Na prática estamos primarizando nossa economia. Temos que cuidar da economia como um todo. O problema é o Banco Central dominando o Brasil, governando o país. Estamos nessa balela de preocupação com a moeda. É o monetarismo mandando no Brasil”, afirmou.
Na opinião de Requião, o Banco Central só pensa no equilíbrio da moeda e não enxerga o país como um todo. “Não há uma visão nacional. O Banco Central está suportado nas velhas idéias do Consenso de Washington”, disse.
O ex-ministro Ciro Gomes relembrou que, em 2011, o Governo Federal fez economia em diversos setores, inclusive tirando dinheiro da saúde e da educação, para juntar R$ 184 bilhões para o pagamento de juros.
“Este é um dinheiro que saiu do interesse popular. Numa sociedade em que a taxa de juros é maior que o lucro médio que você pode esperar do seu negócio, a tendência é de paralisação da economia”, afirmou.
“Tudo está melhorando no Brasil do Lula para cá. Nós temos a menor taxa de juros real dos últimos 25 anos. Mas ainda assim é a maior do mundo. Por que o Brasil tem que ter a maior taxa de juros do planeta?”, questionou Ciro Gomes.
O ex-ministro alertou que a taxa de juros em outros países é negativa. “Juros você paga alto quando há risco alto. O Brasil tem dinheiro estrangeiro vindo se hospedar no Brasil em troca de segurança. O governo está tímido”, avaliou Ciro Gomes.
Questionados pelo Twitter em como reduzir a inflação e melhorar o crescimento do país, Ciro Gomes afirmou: “o que reduz inflação é oferta. E o que produz oferta é produção”. Para Requião, a solução é melhoria salarial, imposto baixo e investimento na produção.
Requião questionou, ainda, a concessão de subsídios para a indústria automobilística, por exemplo, em detrimento a subsídios para inovação tecnológica e novas empresas.
Segundo bloco – No segundo bloco da entrevista, o jornalista Kennedy Alencar perguntou aos convidados se o pior momento da economia brasileira já passou. “Vamos continuar numa progressão de dificuldades. Estou otimista com a Dilma (Rousseff), mas às vezes triste porque acho que ela não está tomando medidas com a profundidade que ela deveria tomar”, contou Requião.
Segundo o senador, a queda de juros e a diminuição de impostos teriam que ser mais fortes. Além disso, para Requião, os cortes de investimento na saúde e no salário mínimo estão equivocados. Outro ponto destacado por ele foi a falta de infra-estrutura pública e privada.
“Se tudo se transformar em superávit primário, se toda a possibilidade do país é para pagar juros, estamos condenados ao desastre. Nossa dívida externa se converteu em dívida interna e nós estamos sangrando o país para pagar isso”, afirmou Requião.
O senador afirmou que teme uma “bolha” imobiliária no Brasil a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos. “A valorização dos imóveis no Brasil é fantástica”, afirmou. Ciro Gomes completou dizendo que uma forma de prevenir esta “bolha” é incrementar a oferta de imóveis para famílias com renda de até três salários mínimos. Para Ciro Gomes, falta ao Brasil um projeto estratégico.
Requião foi questionado sobre a possibilidade de integrar a equipe da presidente Dilma Rousseff após a reforma ministerial. Ele negou. Mas sugeriu à presidente a redução das pastas. “Trinta e oito ministros tornam absolutamente impossível a articulação do Governo”, avaliou.
Ciro Gomes também negou que tenha sido convidado para compor o ministério da presidente e brincou: “a Dilma sabe que estou no banco de reservas para o caso de uma crise. Para participar dessas coisinhas menores não estou a fim não”.
O programa encerrou com os dois convidados comentando as eleições americanas. Para Requião, Obama se reelege por falta de adversário. Ciro Gomes, assim como Requião, disse que se decepcionou com o Obama, mas que seria muito ruim se ele não se reelegesse. “Ruim com ele, pior sem ele”, avaliou o ex-ministro.
Assista aqui a íntegra do programa “Tema Quente”
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