Senadores aprovam retirada do nome de Filinto Müller da ala do Senado
A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou a retirada do nome de Filinto Müller da ala do Senado que o homenageia. A iniciativa foi da senadora Ana Rita (PT/ES), que gostaria de batizar a ala com o nome do ex-senador Luiz Carlos Prestes. No entanto, por sugestão do senador Inácio Arruda, o processo foi dividido em duas etapas: retirada do nome de Müller e escolha do novo homenageado.
A solução de consenso recebeu o apoio do presidente da CE, Roberto Requião (PMDB/PR), e dos senadores Ana Rita, Cristovam Buarque (PDT/DF), Paulo Paim (PT/RS), Paulo Bauer (PSDB/SC) e Anibal Diniz (PT/AC). A matéria segue, agora, para análise pela Comissão Diretora do Senado.
O ex-senador Filinto Müller, que dá nome a uma das alas de gabinetes no Senado, colaborou com as duas ditaduras que governaram o Brasil com mão de ferro no século 20. Como chefe de polícia, na ditadura Vargas; e como líder político, na sustentação do regime dos generais.
Ele personificou a repressão violenta aos movimentos de oposição a Getúlio Vargas, principalmente comunistas, mas também integralistas. Em 1932, exerceu papel de destaque no combate à Revolução Constitucionalista de São Paulo. Logo em seguida, assumiu a temida Polícia do Rio de Janeiro (então capital), cargo que ocupou até 1942.
A perseguição aos opositores de Vargas gerou acusações de tortura e assassinatos. A atuação de Filinto Müller é citada, por exemplo, no episódio de deportação da mulher do líder comunista Luís Carlos Prestes, a judia alemã Olga Benário, que, mesmo grávida, foi entregue à Alemanha, onde seria morta no campo de concentração nazista de Bernburg.
A propósito, são frequentemente mencionadas as relações entre Filinto Müller e o regime de Hitler. Em 1937, durante o auge da popularidade do füher, visitou a Alemanha, onde se encontrou com o chefe da polícia política nazista, Heinrich Himmler.
As primeiras derrotas dos alemães na 2ª Guerra significaram a perda de prestígio de Filinto Müller. A gota d’água foi a tentativa de impedir manifestação pró aliados no Rio de Janeiro, em 1942. O movimento ocorreu, a despeito das ações do chefe de polícia, e com grande apoio popular, o que abriu uma crise no governo e a demissão de Müller.
Arena – Em 1947, Müller conquistou uma cadeira no Senado por Mato Grosso. Foi reeleito em 1955 e 1962. Com o Golpe de 1964 e a cassação dos direitos de inúmeros políticos e a implantação do bipartidarismo, Filinto Müller filiou-se ao partido da ditadura, a Arena. Pela legenda, reelegeu-se mais uma vez em 1970.
Filinto Müller foi um dos parlamentares mais importantes no apoio ao Regime Militar, ocupando a liderança da Arena e do governo no Senado. Em 1973, assumiu a Presidência do Senado. Morreu num acidente aéreo em Paris, em julho do mesmo ano.
(Com informações da Agência Senado e Centro de Documentação da Fundação Getúlio Vargas)
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